terça-feira, 10 de maio de 2011

O capital - cap. IV

do livro primeiro, ainda.

o meio não é determinado pelo fim, mas está em contradição com ele. o meio -- desenvolvimento das forças produtivas -- entra em contradição com a finalidade do capital, sua acumulação (livro terceiro, seção segunda).

pontos centrais do capítulo IV.
• vender mais caro?
• surge e não surge na circulação
• o que determina a FT. como ela é constituída, como se reproduz, como se calcula seu valor?
• liberdade, igualdade, fraternidade e bentham. a propriedade é o conceito que está escamoteado por trás da liberdade.

EXPOSIÇÃO

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indo ao texto:

1. a fórmula geral do capital

existe uma origem lógica do capital, assim como uma origem histórica do capital.

lê o primeiro parágrafo.

par 3 -- capital comercial e capital usurário. dinheiro não é necessariamente capital. capital é dinheiro usado de uma certa forma. nem todo dinheiro é capital. eu posso transformar dinheiro em capital se eu quiser, mas tb não transformar, se não quiser. e só pegar o dinheiro do meu bolso e usar dessa forma (d - m - d'), ou tirar dessa forma e colocar novamente no meu bolso.

a primeira diferença é nas formas de circulação.

o dinheiro não é gasto.

par. 16. MAISVALIA

CONCEITO DE CAPITAL
é o próprio movimento, não é uma coisa. Marx o expõe como movimento.
Marx está sempre mais interessados nos processos que nas coisas. O que é capital? é valor em movimentação, em expansão. É um processo de circulação. É o valor em movimentação, SEMOVENTE.

Por isso não é possível olhar uma coisa e falar: olha, isso é capital.

Par. 18 -- o movimento do capital é sem fim. como vimos no capítulo sobre dinheiro. ele é uma potência social, como uma força social, ele é sem limite. É ilimitado -- sempre quebra limites, expande-se, se move. precisa mover e se expandir. Precisa sempre crescer. TEM O FIM EM SI MESMO.

O que Marx está dizendo aqui é que o que é socialmente necessário para a vida do capitalismo é sua constante expansão. Esse limite nunca será alcançado. O capitalismo nunca, por si só, alcançará seu final.

No capital nós trabalhamos com papéis, mas não com ações individuais.

Romance de Balzac -- entesourador de dinheiro. No final da história ele tenta converter o dinheiro em renda para voltar ao mercado.

Par. 19 e 20 --
Valor é um sujeito. É o sujeito do processo. Pq o capitalista não tem opção. Ele tem que ser capitalista. O Sujeito não é o capitalista. Ele só encarna o capital.

Marx está falando do mundo da aparência.

Valor em processo, dinheiro em processo = capital

Par. 21 -- Passagem sobre judeus. Tudo aquilo que falamos sobre os judeus devemos estender para toda a sociedade, para todos os capitalistas, que são os que usam o dinheiro dessa forma.

2. contradições da fórmula geral do capital.

os economistas burgueses consideram que não pode haver igualdade, pois assim ninguém ganha.

então, suponhamos Intercâmbio de não-equivalentes.
vamos supor que os vendedores são privilegiados. se eles são privilegiados, os compradores são não-privilegiados. o mesmo se daria ao contrário. se os compradores fossem privilegiados, os vendedores perderiam.

argumento da demanda efetiva - referencia a Malthus.

Malthus - há uma classe de consumidores em algum lugar, que consume mais do que pode, pq há dinheiro em excesso. e daí vem o D'. Para ele, existem 3 classes, trabalhadores, capitalistas, mas há os parasitas, os aristocratas, lordes etc. Sua função é consumir para estabilizar o sistema.

Aristóteles
Economia e Crematística.
Quando ele fala de crematística é de fazer dinheiro. Para ele a economia é boa, pois trata dos valores de uso.

Pár. 28. No século XVI o capital comercial e usurários tiveram um papel crucial na dissolução de formas pré-capitalistas. Foram cruciais para acabar com o poder dos proprietários de terras.

O capital industrial precisa do capital comercial e do capital usurário, mas, no capitalismo, os dois têm que ser disciplinados pelo capital industrial. Marx trata, portanto, do processo que pegou esses capitais que estavam nos interstícios do mundo, indisciplinados, perdidos, e os colocou sob uma dura disciplina.

Diferença histórica que foi criada entre usura e juros. De que se tratou Martinho Lutero? Juros é uma forma justa de retorno de capital. Usura não. Juros não é consistente nas leis islâmicas. A igreja católica havia abolido os juros, por volta de 1740 e 1760. Tomar juros era vinculado diretamente com formas de prostituição.

Essa relação entre o capital industrial e os outros dois continua sendo complicada, como vemos hoje, nessa crise. Por muitos anos, na Inglaterra, principalmente nos anos do pós-guerra, havia uma disputa entre os interesses do capital industrial da Inglaterra e os interesses financeiros em Londres. E os interesses do capital financeiro foram atendidos. Inglaterra foi desindustrializada.

Da mesma forma, o crescimento do setor financeiro em nos EUA foi vinculado com sua desindustrialização. Uma grande questão é: quem tem o poder? Para Marx o capital industrial é a chave para entender a MV. Por isso ele trabalha esse parágrafo 28.

Pár. 30 e 31
Deve e não deve, ao mesmo tempo, surgir da circulação.

3. compra e venda da força de trabalho.
Pár. 1
Diferença importante entre Trabalho e Força de Trabalho. Força de trabalho é a capacidade de criar valor. Tempo de trabalho socialmente necessário. O capitalista precisa encontrar um mercadoria particular no mercado - a FT - que garanta que a força de trabalho dada ao capital é maior que o trabalho necessário para produzí-la.

O grande lance aqui é não há trapaças. Todas as mercadorias são trocadas por seus valores. Não há violação da lei da equivalência.

Aqui ele mina a economia política clássica. Esta afirma que se no mundo houvesse um mercado que funcionasse perfeitamente, todos estariam melhores. E o funcionamento perfeito do mercado depende da troca de equivalentes. Marx diz ok, eu tb assumo esse princípio. Marx está assumindo as condições da economia política clássica para negá-la. A verdadeira negação é uma negação nos próprios termos impostos. É a mesma coisa com respeito à mão livre do mercado. Isso significa que ele defende que é assim que o mercado funciona? Não necessariamente como um todo.

Pár. 3
Duas condições para a existência da FT.
Noção de liberdade. Liberdade de vender. Liberdade no duplo sentido.

George Bush - toda vez que eu o ouço falando que vai levar a liberdade para o mundo, tenho certeza que ele está dizendo que vai garantir que todo mundo seja libertado (expropriado) de seus próprios meios de produção.

Pár. 8
Nem todas as sociedade com mercado são sociedades capitalistas.

Pár. 9
Capital pode não ser capital. Se não houver a FT, não ocorrerá. Não é simplesmente D e M. Sim, são necessários. Mas o mundo só vira capital com a criação do proletariado, aquele que vende a sua força de trabalho como mercadoria. Elemento histórico.

A principal questão que surge, então, é: o que constitui o valor da Força de Trabalho? É o que o trabalhador precisa pra sobreviver. As mercadorias que o trabalhador precisa pra viver. Quantos ele precisa pra viver? Depende do trabalho, da cultura do lugar.

Pár. 11.
O valor da FT depende de várias questões - históricas, culturais, climáticas - que a constitui. Os valores que a constitui mudam de lugar para lugar. Mas se analisarmos uma situação dada, sabemos.

Se olharmos a nossa sociedade de hoje:
Na nossa sociedade, temos essas marcas, essas determinações gerais. Temos, por exemplo, a linha de pobreza (Ah, não sei quem está abaixo da linha de pobreza). Temos o salário mínimo. Qual a linha de pobreza nos países diferentes? São muito diferentes. Ela varia em todo o mundo. O valor da força de trabalho muda.

Crédito ao capitalismo.
Na China muitas empresas não pagam os salários dos trabalhadores.

Linha de pobreza. Soma, uso da fórmula. Os governos fazem uso dessa fórmula para determinar os salários, a linha de pobreza. É uma cesta básica das mercadorias básicas.

As linhas de pobreza foram determinadas há décadas atrás. Não incluíam, por exemplo celular. Será que precisamos de celular hoje?

exemplos, dar exemplos é bom. aumento e queda nos salários
Se as mercadorias se tornam mais barato, o valor dos salários cai. Uma das razões pq vc mantem a força de trabalho barata é pq o wall mart está explorando trabalho chinês. Então a cesta básica é mais barata. Se vc colocar impostos sobre produtos chineses, eles subirão e o valor da força de trabalho terá que subir.

o valor da força de trabalho é fixado pelo mercado, pelas mercadorias básicas.

Em que tipo de circulação está a força de trabalho? na M - D - M.
Existem, portanto, dois pontos de vista no mundo. Um é do M - D - M, o outro é do D - M - D'. Ou seja, esse mundo que nos parece um só e dois ao mesmo tempo. Ao mesmo tempo que ele está sendo, ele está não-sendo. Ao mesmo tempo que ele é o presente, ele é o futuro. Um ponto de vista, que já existe, nega o outro.

Ele estava sendo, sendo, sendo, até que, de repente, passou a não-ser. É o fim de um povo.

Pár. 22
No admittance except on bussiness

Pár. 23
Liberdade, Igualdade, Propriedade e Bentham
Aqui, essa noção de liberdade e direitos. O que Marx está mostrando que a cnstitucionalidade burguesa está completamente vinculada às relações de mercado. E assim é com suas definições de liberdade e direitos. Mas ela não tem nada a dizer sobre o que acontece na produção, na fábrica. Lá existe uma legislação própria. Lá uma violação dos direitos da propriedade privada. ASsim, é derrubado todo o mundo das leis e aparências. Essas leis não são aplicadas lá.

A maioria das políticas hoje são sobre isso, ainda. A situação é a mesma. Grande parte de nós vivemos nisso. Uma revolução, como a revolução dos cravos, tenta impor uma constituição sobre a esfera da produção. Lá a burguesia ficou completamente louca. Isso é algo que não se pode fazer! A política da esquerda, nos últimos 30 anos, simplesmente esqueceu isso. Se baseia nas ideias de direitos humanos e liberdade, mercado, mas simplesmente esqueceu a esfera da produção. Na produção não existem advogados.

O que vc faz na sua casa é problema seu, não problema da sociedade.

O que Marx está dizendo é: vc não pode encontrar o segredo do capital no mercado. Nos campos, nas minas, nas fábricas, no grandes complexos produtivos na China. É aí que temos que ir. Só aí descobriremos onde o lucro é produzido. Por isso, o proletariado tem sempre que existir. A proletarização tem sempre que ocorrer.

Ele está atacando as teses do liberalismo e da economia política clássica. Nesses mundos vc não pode encontrar o segredo da MV.

Lembrar sempre do processo geral do capital. No capítulo I, estamos numa esfera praticamente abstrata, pq é a forma de ver o mundo de quem não está na produção. É uma mentalidade abstrata. É uma mentalidade que não compreende os processos históricos. É como se o mundo fosse assim pq sempre foi assim. Vc nasce e tem, logo em seguida, de arranjar um emprego. É como se o capitalismo sempre tivesse existido e se, portanto, sempre tivesse que existir. É o mundo do Beckett, ao extremo. Lembrar, Molloy. É um pouco como o sujeito cartesiano, que para ele só há um certeza, eu existo, pq penso. O resto, não sei de mais nada.

No caso da europa, do Beckett, representa o desaparecimento do mundo produtivo (migrando). Fica só o valor, que é algo abstrato. Vai se aproximando da impossibilidade de falar ou distinguir qualquer coisa. Isso chega num ápice durante o chamado Bem-Estar social nas décadas que seguiram a segunda guerra mundial. Em alguns países setores da população viviam sem trabalhar, com seguro-desemprego de vários anos. Jovens viviam sem trabalhar. Ora, como não acreditar, então, que a sociedade do trabalho havia desaparecido? Beckett, Beckett, Beckett.

Mas e Foucault? Ele termina por matar o indivíduo? As Palavras e as coisas (66): "o homem morreu". E maio de 68?

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