sexta-feira, 13 de maio de 2011

ato e potência. posição e pressuposição

Conceitos de Potência (dynamis) e ato (enérgeia), tão caros a muitos marxistas para explicar as transformações ditas "dialéticas", mas compatíveis, na verdade, apenas com uma teoria do movimento embasada na não contradição e que, assim, separa no tempo a existência de estruturas diferentes, justapõe as contradições, mas jamais as explica pela interpenetração contraditória no interior de um mesmo gênero.

Vinculação do problema aristotélico de potência e ato com as categorias de Hegel. Já R. Fausto escreve: "Pressuposição e posição retomam em certa medida potência e ato, mas para acolher a contradição. A diferença não é entretanto tão grande, porque, se a doutrina da potência e do ato evita a contradição, ela deixa subsistir [...] um método de expressão quase-contraditório". E um pouco mais adiante conclui: "E é na medida em que os dois se situam nessa terra de ninguém, que é a da lógica do movimento, que Hegel pode se sentir tão próximo de Aristóteles". (in Marx: lógica e política, São Paulo, Brasiliense, 1987, tomo 11, pp. 153-4). Hegel, na verdade, platoniza Aristóteles. P. Aubenque: "Hegel não é consciente do caráter platonizante, ou mais exatamente neoplatonizante, de sua interpretação [...] Hegel permanece fiel à tradição do aristotelismo neoplatonizante". Assim ler a dialética de Marx à luz da racionalidade não-contraditória (potência/ato/motor imóvel) de Aristóteles é um grande engano.

(comentário tirado de artigos de Benoit).

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