segunda-feira, 16 de maio de 2011

dialética do senhor e do escravo

primeiro momento da dialética: a afirmação
para hegel a história começa quando se encontram dois desejos. esse é o momento inicial que é, também, abstrato, pois nada aconteceu além do simples enfrentamento entre as duas consciências.

o que diferencia o desejo humano do desejo animal? o desejo humano deseja do desejo do outro, o do animal, não. o animal deseja apenas coisas.

o desejo do homem deseja que o outro o reconheça, que o reconheça como seu superior, e que se submeta a ele.

a consciência é desejo. por isso hegel está tirando a consciência da imanência que o pensamento subjetivo a tinha.

as duas consciências desejantes desejam a mesma coisa!

os dois sabem que estão empreendendo uma luta à morte. mas em determinado momento se resolve, pq uma das duas consciências tem medo, o medo da morte. aquele que tem medo de morrer antepõe o temor de morrer ao seu desejo. é mais forte seu medo de morrer que seu desejo de ser reconhecido pelo outro.

por outro lado, aquele em que o desejo é mais forte que o medo de morrer se sobrepõe ao outro.

segundo momento da dialética: a negação
temos uma figura que domina, onde o desejo é mais potente e que termina erigida em triunfo. esse é o senhor. a outra figura, que deixa de lado o desejo de ser reconhecido, é o escravo.

no entanto -- e aí vêm o movimento interessante demonstrado por hegel --, o senhor fica totalmente insatisfeito, pois aquele que o está reconhecendo já não é um sujeito autônomo. já não é um outro autônomo, pelo contrário, é um escravo. de que adianta, pensa o senhor, ser reconhecido por um escravo?

de que vale, pensa o senhor, ser reconhecido por alguém que abandona o próprio desejo de desejo do outro, desejo de reconhecimento, que diferencia o homem do animal? de que vale ser reconhecido por um escravo, e não por um homem? de que vale ser reconhecido por algo que não é um outro sujeito? como desejar o desejo do outro se o outro não tem desejo?

essa luta pelo reconhecimento me levou a não ser reconhecido, pensa o senhor.
para o senhor não resta opção senão por o escravo a trabalhar. aqui avançamos no sentido dialético da coisa.

o escravo trabalha para o senhor. o senhor fica na passividade, no ócio. se torna um ser ocioso, um ser passivo. o escravo trabalha e, ao mesmo tempo, trabalha a matéria. começa a construir a cultura, ao mesmo tempo. a cultura é o trabalho que o homem exerce sobre a natureza. a história humana, a cultura, passa pelo trabalho da história. ou seja, quem faz a história é o escravo.

terceiro momento da dialética: a negação da negação
o escravo se torna ativo e faz a cultura, faz a história e se torna, por isso mesmo, humano. o senhor se torna passivo, vive das coisas já realizadas e se torna, ele próprio, uma coisa.

chega-se num terceiro momento em que se conciliam os contrários. os antagônicos estão conciliados em uma síntese que os contêm e que os supera.

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