quinta-feira, 14 de abril de 2011

seção terceira livro terceiro - parte 1

a taxa de lucro cai pq o trabalho torna-se mais produtivo. o aumento da produtividade do trabalho é sinônimo de aumento da "taxa de mais-valia" ou taxa de exploração, expressão com a que Marx entende a relação entre a mais-valia produzida e o componente variável do capital adiantado.

como para aumentar a produtividade do trabalho o capital deve revolucionar constantemente a base técnica da produção, introduzindo novas e mais custosas máquinas, a mesma causa que incrementa a produtividade do trabalho também aumenta a "composição orgânica" do capital, ou seja a proporção entre a parte do capital que se gasta na aquisição de máquinas e matérias primas, o "capital constante", e sua outra parte, o "capital variável", o fundo salarial que, ao contrário, está destinado a aquisição da força de trabalho.

tem-se, portanto, uma queda da "taxa de lucro", isto é, uma queda da relação na qual a mais-valia encontra-se relacionada não só com o componente variável mas com todo o capital investido.

A lei, portanto, é uma, mas tem dois lados: no sentido de que, como explica Marx, "a taxa de lucro não cai porque o trabalho torna-se improdutivo, mas porque se torna produtivo. Ambas coisas, o aumento da taxa de mais-valia e a queda da taxa de lucro só são formas especiais em que se expressa, no capitalismo, uma produtividade crescente do trabalho".

A taxa de lucro constitui a força motriz da produção capitalista; no capitalismo só se produz o que se pode produzir com lucro e na medida em que se pode obter tal lucro. Se, portanto, esta força motriz tem tendência a debilitar-se, quer dizer que o destino de todo o sistema está selado.

Em resumo, a lei é algo mais que uma das tantas leis enunciadas ao longo de todo O Capital, pois resume toda a visão que Marx teve do capitalismo. Com efeito, para ele, a contradição inerente ao desenvolvimento da produtividade do trabalho nas condições capitalistas é expressão culminante da natureza contraditória de todo o sistema "o desenvolvimento das forças produtivas do trabalho social é a tarefa e a legitimação histórica do capital", mas "justamente com isso ele cria inconscientemente as condições materiais de uma forma superior de produção".

Em outras palavras, para desenvolver-se, o capitalismo necessita uma produtividade cada vez maior do trabalho: o incremento desta última é o meio pelo qual aumenta a mais-valia e, portanto, desenvolve-se a acumulação. Por outro lado, se este incremento da produtividade é o meio de vida do capital, o fato de que se traduza em um aumento da composição orgânica o converte ao mesmo tempo em um limite insalvável para a autovalorização do capital mesmo. A razão de vida transforma-se em uma razão de morte.

Em conclusão são duas as forças que atuam sobre a taxa de lucro: a taxa de mais valia e a composição orgânica do capital. O desenvolvimento da produtividade do trabalho faz aumentar simultaneamente ambas. Mas como, a longo prazo, a segunda força excede a primeira, a causa que impulsa a queda da taxa de lucro deve prevalecer finalmente, segundo Marx, sobre o aumento da taxa de mais valia que, ao contrário e por si mesma, tende a conter essa queda ou a anulá-la diretamente em certas condições.

como tem de enfrentar a concorrência, o capitalista aumenta o investimento em máquinas e matérias-primas para produzir mais e baratear seus produtos. Isso tende a elevar os lucros da empresa num primeiro momento, mas amplia, também, a proporção do capital constante (máquinas e matérias-primas) sobre o capital variável (salários). Com isso, a taxa de lucro (mais valia/capital investido) tende a cair.


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